Alfabetização e Democracia

Resenha do livro Alfabetizar para a Democracia

Deixo aqui um pequeno resumo da parte 1 deste livro, o Livro está dividido em 3 partes.

Parte 1: a opinião do autor sobre O que é alfabetizar.

No final deste artigo você encontra o título das outras partes do livro.

No Capítulo 1,  José Moraes inicia seu livro traçando um paralelo entre as definições de alfabetismo e literacia.

Em uma definição bem simples, alfabetizar é ensinar a ler e a escrever no sistema alfabético.


É alfabetizado quem sabe ler e compreender um texto simples ou escrever de maneira inteligível o que quer comunicar. Porém, na psicolinguística é alfabetizado quem é capaz de ler e escrever com autonomia.

A definição científica partilhada por muitos pesquisadores em uma definição mais específica, é a aquisição e posse de uma habilidade. Neste ponto ser alfabetizada é ter um nível mínimo de habilidade que permita ler palavras e textos  independentemente da sua familiaridade, mesmo sem compreender o que se lê, e por outro lado escrever qualquer enunciado mesmo sem conhecer o conteúdo do que escreve.
Os níveis hábeis seria aquele que corresponde a ativação automática das representações ortográficas lexicais, atingido no decurso do quarto ano e os níveis básico podem ser atingidos no fim do primeiro ano de instrução.

Literacia

Segundo Moraes, literacia é um termo utilizado em Portugal  e na Espanha  e tal como no francês littératie, adaptado do inglês literacy,  não equivale a alfabetismo por duas razões, porque se pode ser letrado, no sentido de saber ler e escrever, e analfabeto, é o caso dos que só adquire o sistema não alfabético de escrita, como o kanji (ideográfico) e os Kana(silabários) no Japão. E também porque literacia pressupõe uma utilização eficiente frequente da leitura e da escrita.


O autor faz uma comparação entre a leitura e a música, entre um leitor e o músico, segundo ele  quem aprendeu a ler e escrever, mas o faz mal ou pouco, não é letrado, tal como não é músico quem aprendeu a tocar um instrumento, mas o faço raramente com esforço.

Sendo assim, a alfabetização abre caminho para a literacia, isto é, abre caminho para a utilização das habilidades de leitura e escrita, atividades que vão além do alfabetismo, são atividades de aquisição, transmissão e, eventualmente, produção de conhecimento.

Para Moraes, a literacia vai além do nível básico do meramente Alfabetizado, de ler e escrever com autonomia, e caracterize os níveis eficientes, aqueles em que lemos e escrevemos automaticamente as palavras da língua, sem termos de construir intencionalmente e sequencialmente o seu reconhecimento. Tal como níveis básico, também os níveis hábeis podem ser avaliados de maneira rigorosa.

O autor distingue a literacia em 4 pontos – a pragmática com fins utilitários; – divertimento; – a de conhecimento, que inclui a científica , e a estética, que compreende a literária.
Estas formas de literacia confrontam-se com exigência de natureza muito diferente do ponto de vista dos processos mentais conscientes (Moraes 2014).

Letramento

Neste livro O autor também fala um pouco sobre o que é letramento, segundo ele esse termo começou a ser utilizado no final da ditadura militar, numa primeira vista parece que o termo corresponde ao mesmo que literacia explicado acima, defende os mesmos interesses, ou seja,  pelo uso prático das habilidades com alguns objetivos.


Letramento é uma maneira mais geral, pode ser entendido como a influência que a cultura escrita tem no desenvolvimento da criança, por meio da exposição frequente de textos e letras, por meio das interações verbais já marcadas pela escrita que ela tem com os outros e por meio das ações intencionais dos pais e dos professores ensinando a tornar acessível a compreensão e domínio do sistema escrito.

Nesse sentido, tal como o termo alfabetização, letramento indica um processo, ao passo que literacia evoca, sobretudo, o estado ou a função que dele resultam.


Letramento difundiu-se na comunidade linguística e educacional como uma intenção ao mesmo tempo mais engajada politicamente e mais sedutora. Ele se refere tão somente ao uso social da leitura e da escrita (Soares 1982), e não contempla, portanto, todas as atividades de leitura e de escrita que são determinadas por necessidades e fins meramente pessoais.

Como se um indivíduo, como ser letrado, não tivesse outra dimensão do que a social. Por ser mais abrangente e atendendo a vantagem de homogeneizar os conceitos, o português europeu não utiliza letramento, mas sim literacia e literacia é o termo que o autor usa nesse livro.



No Capítulo 1 o autor também descreve sobre os modelos de educação, os modelos baseados no modelo cultural, promovido pela pedagogia crítica inspirado por Paulo Freire. Fala sobre o modelo do capital humano, capital humano que se refere ao conjunto de habilidades, qualificações e experiência que influencia a produtividade e o rendimento de dividendos na economia capitalista.


O modelo das capacitações são os modelos dominantes que referem a dignidade humana, não sendo menos ideológicas, mantém a chama consoladora da resistência em nome dos valores humanistas e da sua opinião sobre esses modelos ideológicos.

Faz um breve histórico sobre o alfabeto e os fonemas, sua criação, as origens do alfabeto e bem como surgiu como alfabeto.

Desfaz o mito da superioridade do alfabeto, de que a escrita alfabética é superior ao outros tipos de escrita.

Não nascemos todos com os mesmos direito: Efeito Mateus

No capítulo 2 o autor ressalta que não nascemos todos com os mesmos direito, segundo ele o direito de adquirir e praticar a literacia é um direito frágil, depende do direito do desenvolvimento das capacidades cognitivas, que dependem do direito à saúde e do direito a frequentar uma escola de boa qualidade, os quais dependem o direito de nascer numa família que vê satisfeitos os seus próprios direitos ao trabalho e a remuneração justa. Os direito não se encontram em condições distintas, entretecem relações, e as infrações em uma ponta tem efeito em outras.

Segundo estudo citado pelo o autor do livro o status socioeconômico baixo limita o aproveitamento das potencialidades genéticas, ao contrário do status socioeconômico alto.
Segundo autor pela falta de literacia, pode-se viver pior e viver menos. O estresse crônico associado a um status socioeconômico inferior conduz ao declínio mais rápido do funcionamento fisiológico, influenciado pelo envelhecimento celular.

Estes riscos e as diferenças podem ser diminuídos por meio de uma pré-alfabetização bem feita,  a estimulação precoce pelos pais entre os 3 e os 5 anos de idade, investimento em saúde, investimentos durante a gravidez e, a melhoria das condições das Crianças, se dê desde muito cedo durante a gestação.


O autor conclui que com base nas provas disponíveis pode-se afirmar que o ambiente familiar é a variável que melhor prediz as habilidades cognitivo-linguísticas, insiste que as famílias que não cultivam as habilidades precoce, colocam desde cedo as crianças em condições desfavorecidas. E quando essas crianças são inseridas na escola o efeito do status socioeconômico é muito forte.

O nível Educacional da mãe e o rendimento familiar influenciam as habilidades de linguagem oral medidas no último ano da pré-escola, que por sua vez influencia o resultado em leitura e matemática durante o segundo ao quarto ano de escola.


O autor também fala sobre a importância de se ter pais leitores, que o hábito da leitura diária na família e a cultura de se ter uma biblioteca em casa e vários livros disponíveis no alcance da criança, que a quantidades de livros que a família tem em casa está relacionado com o sucesso no aprendizado.

Neste capítulo o autor também fala sobre o status socioeconômico e a inter-relação entre linguagem, matemática e capacidades cognitivas, como a aprendizagem da linguagem e da Matemática estão inter-relacionados, o sucesso de um depende o sucesso em outro.

Como o status socioeconômico, o meio  sócio cultural influencia na tomada de consciência fonológica avaliado na pré-escola e é muito mais avançada em crianças de status socioeconômico alto do que em crianças de status socioeconômico baixo e os reflexos desses fatores nas capacidades de leitura e escrita.

O autor ressalta que é importante, é necessário, na pré-escola, incentivar atividades que estimulem a tomada da consciência fonológica em todas as crianças, além de um programa de sensibilização e formação junto às famílias de status socioeconômico baixo, essas atividades de consciência fonológica, em especial  a consciência fonêmica, tende a diminuir as diferenças entre crianças de  status socioeconômico baixo em relação a crianças de status socioeconômico alto.


Aqui o autor faz referência sobre o efeito Mateus no desenvolvimento das habilidades da literacia, referência feita a uma parábola da bíblia a respeito dos ricos e dos pobres, os melhores progridem mais e os piores menos, de maneira que o atraso desses em relação aos melhores aumenta.

Efeito Mateus: os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, ou seja, quem vem de um meio sócio-cultural mais elevado tende a ter melhor desempenho do que os que vem status socioeconômico  baixo tende a ter menor desenvolvimento da literacia .

Como se lê e como se aprende a ler

No Capítulo 3  o autor descreve como se lê e como se aprende a ler.

Relata a definição do que é leitura, baseado em estudos científicos. Sobre o jargão “ ler é compreender” ele discorre sobre as relações pedagógicas entre os  métodos globais tais como Whole-Word aprocha, o construtivismo, o método funcional e os métodos fônicos, descreve sobre a  fala e os componentes da leitura.

Sobre o leitor hábil

Neste parágrafo o autor levanta alguns questionamentos e apresenta provas científicas.

Como se aprende a ler? Como você passa de analfabeto, alfabetizado e letrado? Quais  as condições que devem ser satisfeitas?

A primeira condição  é a compreensão do princípio alfabético, o princípio da correspondência entre fonemas e grafemas. A tomada automática  de consciência dos fonemas não é espontânea, a criança aprendiz de leitor não descobre o princípio alfabético por mera exposição ao material escrito.


O autor fala sobre o que o professor tem que saber para fazer o aluno compreender o princípio alfabético e que cada letra está associado a um ou mais de um valor fonológico.


Nesta Edição publicada em nosso país   o autor reservou um capítulo especial para o Brasil. Capítulo este que ele  chama de Alfabetizar no Brasil, relata a situação do alfabetismo e da literacia no Brasil, o analfabetismo completo e o analfabetismo funcional.

Aqui é onde entra os números, o qual me inspirou o título para esta resenha.

Segundo os dados do INAF – Indicador de Analfabetismo Funcional em 2011, além de 6% de analfabetos, 21% da população é constituída por alfabetizados rudimentares e 47% de pessoas que não foram além da alfabetização básica. Assim, parece que só 26% dos brasileiros, aproximadamente 1 em 4, teriam atingido um grau de alfabetização que permitiria qualificá-los  como bons leitores. Isto é, leitores que leem automaticamente, sem a necessidade de decodificar.

Em São Paulo, segundo os dados do Saresp – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, a proporção de alunos com desempenho insuficiente em língua portuguesa – por exemplo escrever sem respeitar as correspondência do nosso código ortográfico – no final do segundo e terceiro anos era, em 2011,  perto de cinco vezes maior nas escolas públicas do que nas privadas, ou seja, nas escolas do povo do que naquelas que são frequentados quase exclusivamente pelas crianças status socioeconômica elevado.

Nesse capítulo especial sobre o Brasil o autor fala também sobre o Pisa e os resultados ridículos que o Brasil obteve e vem obtendo desde a sua primeira edição, sempre na cauda do pelotão.

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC

O ator faz fortes críticas sobre o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, o qual o Ministério da Educação – MEC chamou de “idade certa” de se alfabetizar, aos 8 anos de idade, sendo que em escolas particulares, no Brasil, muitas crianças dentro do primeiro ano dominam as funções do código ortográfico da língua e a maioria está alfabetizada no fim deste ano.

Nesse mesmo Capítulo o autor também usa um subtítulo que chamou muito minha atenção: “Ensinar a ler no Brasil: o caminho errado” – neste  o autor afirma que não há, em absoluto, idade certa ou errada para alfabetizar, mas, sem dúvida alguma, há caminhos errados e caminhos certos.

Segundo o autor por mais de uma 15 anos, o caminho adotado pelo MEC, e que já passou por vários governos e várias cores políticas, este tem se sucedido e faz parte dos caminhos errados.

Segundo o autor, os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs adotam uma concepção da aprendizagem do ensino da língua escrita que é coerente com a doutrina anglo-saxônica chamada Whole Language, que ficou conhecido no Brasil por construtivismo e tem apoio na teoria veiculada no livro A Psicogênese da Língua escrita, de Ferreiro e Teberosky (1986). As críticas do autor sobre as teorias e o PCN usado no Brasil, o que ele chama de “A falsificação da história” pois ignora completamente o conhecimento científico que desde os anos de 1970 davam claramente outro caminho e que se consolidou nos anos de 1980 (Temos aqui mais de 30 anos de atrasos na alfabetização).

Uma outra afirmação que me chamou muita atenção, muito taxativa e que pode incomodar os ânimos mais exaltados:

“O construtivismo brasileiro na educação tornou-se possível porque ele soberbamente desprezou informações sobre o conhecimento científico.”

“Será intencional, será ignorância de que existe um vasto corpo de conhecimento sobre aprendizagem da leitura e da escrita? Porque o MEC só conhece meia dúzia de autores, e todos construtivistas, que por sua vez não conhecem mais ninguém.”

O autor explica que, essencialmente, as pesquisas construtivistas e as pesquisas da psicologia da neurociências cognitivas se diferem no ponto de vista metodológico, as primeiras utilizam a observação de comportamentos individuais guiadas por hipóteses e procuram a confirmação dessas hipóteses. A segunda utiliza sobretudo situações experimentais, perguntas, geralmente comparando grupos submetidos a tratamentos diferentes, mas que são semelhantes em relação a todas as outras variáveis que se suspeita poderem influenciar os resultados, enfim, os resultado obtido são objeto de análise estatística rigorosos e as exigências para sua publicação são muitos fortes.

Não deveriam os responsáveis pela política de alfabetização no Brasil informar-se da fonte sobre a metodologia e resultados das muitas pesquisas pertinentes para alfabetização infantil, ou , visto que elas são demasiado numerosas, reunir os mais prestigiados cientista do domínio para escutá-los? Até quando os níveis brasileiros do Pisa em leitura deverão manter-se tão baixos para que haja, enfim, uma mudança de política que leve em conta as evidências científicas?

Aprender a ler no Brasil: caminho certo

Neste o autor fala sobre o caminho certo a ser seguido e mostra o caminho para o sucesso na alfabetização, apoiado por dados científicos, mostra o caminho a ser percorrido e apresenta outros países que continuam cometendo os mesmos erros que o Brasil.


Bem, sem mais delongas paro minha resenha por aqui.

Este livro é de grande importância, todo agente envolvido em políticas públicas, em especial em educação deveria ler este livro.

Quem quiser ler mais e conhecer mais detalhes sobre esse livro acesse o link abaixo.
Livro Alfabetizar para a Democracia 

http://acesse.vc/v2/29112d91bc

É alfabetizando no espírito da Democracia, como se estivéssemos em regime democrático, que se pode contribuir pela alfabetização para construir a democracia. (José Moraes)

Sumário do Livro

Introdução

PARTE I – O que é alfabetizar

Capítulo 1. Alfabetismo e literacia

Capítulo 2. Muito aquém da alfabetização

Capítulo 3. Como se lê e como se aprende a ler

Capítulo 4. Alfabetizar no Brasil

PARTE II – O que é a democracia

Capítulo 5. Democracia e pseudodemocracia

Capítulo 6. A liberdade

Capítulo 7. A igualdade

Capítulo 8. Falsos amigos, falsas democracias

PARTE III – Criar letrados, criar democratas

Capítulo 9. Ideias sobre a educação

Capítulo 10. Perspectivas de ação

Capítulo 11. Por favor, desenha-me um futuro

Sobre o autor do livro

José Morais Doutor em ciências psicológicas pela Universidade Livre de Bruxelas (ULB), Doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa, e Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em razão das suas contribuições para o conhecimento, em particular no domínio da leitura e da literacia. Foi presidente do Comitê das Ciências Psicológicas da Academia Real da Bélgica e membro do Observatório Nacional da Leitura (França). Atualmente é professor emérito da ULB e permanece membro ativo do seu Centro de Pesquisa em Cognição e Cérebro (CRCN).

Qual a idade certa para ensinar a ler

Qual a idade certa para ensinar a ler?

Para responder à pergunta primeiramente é preciso entender que aprender a ler e escrever não é um processo tão simples como aprender a falar.

Aprendemos a falar sem a necessidade de instrução, enquanto o aprendizado da leitura e da escrita exige o apoio de um professor, é importante entender que a aquisição da linguagem falada é um processo natural e espontâneo, que ocorre em um ambiente de imersão linguística e interação social, desde os primeiros meses de vida.

As crianças aprendem a falar observando e imitando os sons e padrões linguísticos de seu ambiente, e recebem feedback constante de seus pais e cuidadores, que reforçam suas tentativas de comunicação. Além disso, o cérebro humano parece ter uma predisposição para a aquisição da linguagem, com áreas específicas do córtex cerebral dedicadas ao processamento da fala e da compreensão da linguagem.

Por outro lado, a leitura e a escrita são habilidades culturais e artificiais, que foram desenvolvidas historicamente pela humanidade e que exigem o aprendizado de um sistema de símbolos e regras convencionais, que não estão presentes no ambiente natural das crianças. Por isso, a alfabetização requer a instrução formal e sistematizada, que envolve a explicitação das regras do sistema alfabético, a prática da decodificação e a compreensão do significado das palavras e dos textos.

Além disso, como mencionado no início da resposta, a comunicação oral envolve um processamento informacional mais complexo do que a comunicação escrita, o que pode explicar por que a alfabetização é um processo mais exigente para o cérebro. No entanto, é importante ressaltar que cada indivíduo possui um ritmo e uma capacidade de aprendizado próprios, e que a instrução adequada e individualizada pode fazer uma grande diferença no sucesso da alfabetização.

O método global

O método global de aprendizado da leitura, que enfatiza a importância do reconhecimento da forma global das palavras em detrimento da instrução fônica, foi desenvolvido a partir das décadas de 1960 e 1970, influenciado pela revolução cognitiva e pelas teorias psicolinguísticas inovadoras da época. Segundo essa hipótese, o cérebro do leitor prestaria atenção à forma inteira da palavra escrita e, ao integrar informações do texto e do contexto, construiria o sentido do texto. A leitura seria, então, como um jogo psicolinguístico de adivinhação.

Essa abordagem didática resultou em uma diminuição dos exercícios de instrução fônica, dando ênfase à exposição das crianças a um ambiente leitor estimulante e às hipóteses formuladas pelas próprias crianças sobre o funcionamento do sistema de escrita. Houve ainda a valorização do conhecimento linguístico que a criança trazia de casa, independentemente da variante socio-linguística, em relação aos formalismos da variante de maior prestígio da norma culta.

No entanto, experimentos realizados em salas de aula com crianças de diversos países, línguas e condições sociais, conduzidos por diferentes tipos de professores, desautorizam a produtividade didática dessas hipóteses. As abordagens globais, hoje chamadas ideovisuais, foram abandonadas em favor do conceito de letramento, termo que possui diversas definições.

Atualmente, a intelligentsia educacional universitária brasileira postula o alfabetizar letrando como uma solução para o problema do desempenho de crianças e adolescentes em leitura nos testes nacionais e internacionais. No entanto, as evidências científicas negam suporte empírico à teoria e práticas de ensino de leitura elaboradas e aplicadas no Brasil.

Este método foi amplamente difundido no Brasil a partir da década de 70 e teve muitos defensores, mas também muitos críticos.

Uma das críticas mais comuns é que o método global transforma o aprendizado da leitura em um jogo de adivinhação, em que a criança precisa memorizar palavras inteiras sem entender o que cada letra representa. Isso pode levar a problemas de compreensão de texto e dificuldades de ortografia no futuro.

Além disso, o método global não leva em conta a importância da fonética na alfabetização, ou seja, a correspondência entre as letras e os sons da língua. Aprender a associar cada letra a um som é fundamental para que a criança possa decodificar palavras desconhecidas e compreender o que está lendo.

Por essas razões, muitos especialistas em educação recomendam a utilização de métodos que combinem o reconhecimento visual das palavras com o ensino sistemático da fonética, como o método fônico ou o método fônico-analítico. Dessa forma, a criança pode desenvolver habilidades de leitura e escrita mais sólidas e duradouras.

Aprender a ler não é tão simples assim


Aprender a ler é um processo complexo que envolve a compreensão do código alfabético, onde unidades gráficas representam unidades fonológicas da fala. Esse processo não é transparente e pode ser desafiador tanto para quem ensina quanto para quem aprende.

Para entender o aprendizado inicial da leitura e seus pontos cruciais, é necessário ter conhecimentos em várias áreas, incluindo Física, Psicologia, Matemática, Lingüística e Medicina. Infelizmente, poucos educadores dominam todas essas informações, e muitas vezes a formação universitária de docentes não abrange essas áreas de maneira aprofundada.

Isso cria dificuldades e equívocos, pois os pais confiam seus filhos a profissionais que muitas vezes possuem um nível de desconhecimento comparável ao deles. Além disso, a sociedade em geral não compreende a importância do processamento cerebral de informações sonoras na aprendizagem da leitura.

Ao contrário da comunicação oral, que é altamente produtiva, a escrita exige uma manipulação consciente e mecanizada dos elementos fonológicos. Isso pode sobrecarregar a memória fonológica de trabalho do cérebro, que é um componente do sistema de funções executivas centrais.

No entanto, é importante encontrar um equilíbrio entre a manipulação consciente dos elementos fonológicos na escrita e a capacidade de automatizar e tornar inconsciente essa manipulação para melhorar a produtividade da comunicação escrita.

Aprender a ler é um processo complexo que envolve habilidades cognitivas, linguísticas e sociais. É necessário que a criança desenvolva habilidades fonológicas, ou seja, a capacidade de identificar e manipular os sons da fala. Também é preciso que ela entenda a relação entre os sons da fala e os símbolos gráficos que representam esses sons na escrita.

Além disso, a alfabetização requer a capacidade de decodificar palavras, ou seja, de associar os sons da fala aos símbolos gráficos correspondentes. É importante também que a criança tenha um bom vocabulário e compreensão de texto para que possa fazer inferências e entender o que está sendo lido.

Aprender a ler também é um processo social, que envolve a interação com professores, colegas e familiares. É importante que a criança tenha um ambiente favorável à leitura em casa e na escola, com acesso a livros e materiais de leitura adequados.

Em resumo, aprender a ler é uma tarefa complexa que envolve uma combinação de habilidades cognitivas, linguísticas e sociais. É importante que os métodos de ensino utilizados sejam baseados nas melhores evidências científicas disponíveis e que os professores estejam preparados para identificar e remediar dificuldades de leitura precocemente.

Como a criança se torna um leitor expert?

Aprender a ler é um processo complexo que passa por várias fases. Começa com a condição de analfabeto, depois passa para a condição de leitor iniciante e segue para a condição de leitor hábil, que ainda não é um leitor expert. Ser um leitor expert significa ter uma habilidade completa na leitura e escrita.

O tratamento dos aspectos fonológicos e acústicos da fala, codificados na escrita, é difícil para um leitor iniciante, mas para um leitor hábil, esse processo passa a ser automatizado e inconsciente, assim como na fala. A prática controlada da leitura durante a fase de leitor iniciante recicla as redes neuronais que tratam informações visuais e sonoras, ajudando no processo de aprendizagem.

Nosso cérebro foi projetado para tratar informações visuais e sonoras de forma isolada, mas não dispõe de recursos específicos para tratar informações sonoras portadoras de valor linguístico envelopadas em informações visuais, como ocorre na escrita alfabética. Por isso, o processo de aprendizagem da leitura é tão complexo e exige uma abordagem cuidadosa e especializada por parte dos educadores.

A criança se torna um leitor expert por meio de um processo complexo que envolve diversas habilidades e conhecimentos. Em primeiro lugar, é necessário que a criança desenvolva a consciência fonológica, ou seja, a habilidade de perceber os sons da fala e como eles se relacionam com as letras. Essa habilidade é importante porque permite que a criança compreenda o princípio alfabético, ou seja, que cada letra representa um som da fala.

Além disso, é importante que a criança tenha um amplo vocabulário e conhecimento prévio sobre o mundo ao seu redor, o que facilita a compreensão do que é lido. A habilidade de decodificar palavras, ou seja, ler as letras e uni-las em sons, também é crucial para a aprendizagem da leitura.

Outro fator importante é a fluência na leitura, ou seja, a habilidade de ler rapidamente e com precisão. Essa habilidade é desenvolvida por meio da prática regular da leitura, que permite que a criança se torne mais ágil na identificação das palavras e na compreensão do texto.

Por fim, a compreensão do que é lido é fundamental para que a criança se torne um leitor expert. Isso envolve a habilidade de inferir significados a partir do contexto, fazer conexões com conhecimentos prévios e analisar criticamente o texto.

Portanto, se tornar um leitor expert é um processo que envolve diversas habilidades e conhecimentos, que são desenvolvidos ao longo do tempo e com muita prática e dedicação.

PRÉ- ALFABETIZAÇÃO: princípio alfabético e as regras de decodificação

Para preparar o terreno para a alfabetização, é necessário realizar a pré-alfabetização. A leitura não é uma habilidade natural como a fala, mas também não é algo sobrenatural que pode ser aprendido sem esforço.

Durante a alfabetização, é preciso concentrar-se no ensino explícito e sistemático do princípio alfabético e das regras de decodificação. A compreensão também é importante, mas as atividades de leitura e compreensão precisam ser distintas e separadas didaticamente e cronologicamente. Ensinar a ler e compreender ao mesmo tempo e com os mesmos materiais é ineficaz, de acordo com as melhores evidências disponíveis.

A alfabetização exige o desenvolvimento da linguagem oral e habilidades ligadas ao sistema de funções executivas do cérebro, como o controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho.

Em ambos os casos, o foco é a conscientização das unidades fonológicas mínimas das palavras faladas codificadas em palavras escritas, com base nas estruturas psicolinguísticas que envolvem os aspectos fonéticos e fonológicos das mesmas. Isso é alcançado por meio do treino consciente do uso da memória fonológica de trabalho e exige concentração consciente da atenção, além de flexibilidade cognitiva para mudanças de foco na atenção.

Didaticamente, isso envolve o controle corporal, ritmo, desenvolvimento da consciência fonológica, capacidade de manipulação de fonemas (divididos em substituição, adição, inversão e supressão de fonemas) e treino oral com a rememoração de listas de palavras. Isso pode ser considerado a pré-alfabetização.

Qual a idade certa para a alfabetização?

Não há uma idade certa para a alfabetização. Desde que a criança tenha desenvolvido sua linguagem oral e seu sistema executivo central esteja em pleno funcionamento, ela pode ser alfabetizada aos quatro ou cinco anos de idade, dependendo de outros fatores, como a transparência da relação grafema/fonema na língua nativa da criança e a complexidade silábica da língua. Também é importante considerar a motivação da criança para aprender a ler.

O desenvolvimento da linguagem oral é um pré-requisito crucial para a alfabetização, assim como a tomada de consciência das unidades fonológicas mínimas das palavras faladas e sua correspondência com as palavras escritas. Isso exige concentração consciente da atenção e flexibilidade cognitiva para mudanças de foco na atenção.

Os estudos científicos indicam que a experiência linguística das crianças nos primeiros anos de vida tem um papel significativo no desenvolvimento posterior da alfabetização. É importante que as crianças tenham um ambiente rico em linguagem e leitura desde cedo, o que pode ser influenciado pelo grupo socioeconômico da criança.

A pré-alfabetização é uma fase importante na formação do leitor. Nesse estágio, a criança começa a compreender o princípio alfabético e as regras de decodificação da linguagem escrita. Ela deve ser capaz de identificar as letras do alfabeto, diferenciá-las das outras formas gráficas e associá-las aos sons da fala.

Esse processo de reconhecimento das letras e dos sons é fundamental para que a criança possa desenvolver a habilidade de decodificar as palavras escritas e, assim, ler com fluência. A pré-alfabetização é também um momento em que a criança começa a desenvolver a consciência fonológica, isto é, a habilidade de identificar e manipular os sons da fala. Isso é importante porque a leitura é uma habilidade que requer a capacidade de associar os sons da fala às letras e palavras escritas.

Durante a pré-alfabetização, é importante que a criança tenha acesso a materiais ricos em letras e palavras escritas, como livros, cartazes, jogos e atividades que estimulem a sua curiosidade e interesse pela leitura. Os pais e educadores também podem incentivar a criança a explorar o ambiente ao seu redor, apontando e lendo palavras em placas, embalagens e outros objetos do cotidiano.

Ao ajudar a criança a compreender o princípio alfabético e as regras de decodificação, estamos preparando-a para se tornar um leitor expert no futuro. Esse processo requer paciência, dedicação e uma abordagem individualizada, que leve em consideração as habilidades e interesses da criança. Com o tempo e a prática, a criança se tornará cada vez mais habilidosa na leitura e, assim, poderá desfrutar de todo o mundo de possibilidades que a linguagem escrita pode oferecer.

Qual a importância dos pais no aprendizado da leitura?

A experiência linguística proporcionada pelos pais é de extrema importância para o desenvolvimento da criança. 

Um experimento famoso estimou que, no período que vai do nascimento aos quatro anos de vida, as crianças acumulam experiência linguística com 45, 26 e 13 milhões de palavras, dependendo se vivem em famílias de alta, média ou baixa condição socioeconômica, respectivamente. No entanto, o grande problema é que crianças provenientes de famílias com baixo nível socioeconômico apresentam um déficit alarmante de experiência linguística e conhecimento de palavras. 

Esse baixo nível de experiência linguística tem implicações para o desenvolvimento das capacidades de prestar atenção consciente aos aspectos fonológicos da fala, o que é central para aprender a ler. Como resultado, o risco de fracasso na alfabetização é alto nessa população.

A experiência linguística que os pais proporcionam é extremamente importante para o desenvolvimento da criança, principalmente no que diz respeito ao aprendizado da leitura. Os pais podem influenciar positiva ou negativamente nesse processo, dependendo da forma como estimulam e interagem com seus filhos.

Desde os primeiros anos de vida, é fundamental que os pais falem com as crianças, contem histórias, cantem músicas e estimulem o contato com livros e outras formas de leitura. Dessa forma, as crianças vão acumulando vocabulário, compreendendo a estrutura da língua e, consequentemente, desenvolvendo as habilidades necessárias para se tornarem leitores proficientes.

Além disso, os pais também podem incentivar a leitura em casa, disponibilizando livros e revistas adequados à idade da criança e lendo juntos com ela. Isso ajuda a criar um ambiente favorável ao aprendizado e estimula o gosto pela leitura.
Por outro lado, quando os pais não dão importância à leitura ou não interagem com seus filhos de forma adequada, a criança pode não ter contato suficiente com a linguagem escrita e desenvolver dificuldades no processo de alfabetização. Por isso, é importante que os pais estejam conscientes do seu papel no desenvolvimento da leitura dos filhos e busquem sempre incentivá-los e estimulá-los nessa jornada.

O uso excessivo de celulares e outras telas pode interferir na interação entre pais e filhos, reduzindo as oportunidades de diálogo e leitura compartilhada, o que pode afetar o desenvolvimento da linguagem e do interesse pela leitura. Além disso, as distrações proporcionadas pelos dispositivos eletrônicos podem afetar a qualidade do tempo de interação entre pais e filhos, prejudicando o vínculo afetivo e a atenção da criança para com as atividades propostas pelos pais. É importante que os pais estabeleçam limites e regras para o uso de tecnologias em casa e que reservem um tempo de qualidade para interagir com seus filhos, por exemplo, por meio da leitura de histórias e conversas.

Você esperaria até os oito anos para seu filho aprender a ler?

De acordo com a ciência, a experiência linguística fornecida pelos pais é muito importante para o desenvolvimento da alfabetização das crianças. 

Um estudo mostra que, durante os primeiros quatro anos de vida, crianças de famílias de alta, média e baixa condição socioeconômica acumulam experiências linguísticas com 45, 26 e 13 milhões de palavras, respectivamente. 

Infelizmente, crianças provenientes de famílias de baixo nível socioeconômico têm um déficit de experiência linguística e conhecimento de palavras, o que afeta o desenvolvimento de suas habilidades de atenção consciente aos aspectos fonológicos da fala, fundamental para a aprendizagem da leitura. Isso resulta em um alto risco de fracasso na alfabetização para essa população.

Por isso, é importante que as creches e pré-escolas das redes públicas de ensino forneçam uma experiência linguística adequada em quantidade e qualidade para essas crianças, para que possam passar pelo processo de alfabetização sem lutar tanto para quebrar o código alfabético. 

Os professores de alfabetização também devem conhecer os fundamentos teórico-científicos e os procedimentos didáticos e materiais realmente eficazes para garantir a efetividade do processo.

É importante lembrar que a antecipação exagerada da alfabetização não rende muitos frutos, mas adiar o processo aumenta o risco de tropeços na trajetória escolar, especialmente para aqueles com experiência linguística precária e desfavorável.

O PENAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa) é uma política pública brasileira que estabelece como meta a alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, no final do terceiro ano do ensino fundamental. No entanto, estudos recentes da neurociência mostram que o processo de aquisição da leitura é mais complexo do que se imaginava anteriormente.

A alfabetização é um processo gradual e progressivo que se inicia antes mesmo da criança entrar na escola. É importante que as famílias forneçam experiências linguísticas e estimulem a consciência fonológica das crianças desde cedo. Além disso, a consciência fonológica é uma habilidade fundamental para a aquisição da leitura, que envolve a compreensão de que as palavras são compostas por sons que podem ser manipulados.

O princípio alfabético é outro aspecto fundamental para a aquisição da leitura. As crianças precisam compreender que as letras representam sons específicos e que esses sons podem ser combinados para formar palavras. É importante destacar que a aprendizagem do princípio alfabético deve ocorrer de forma sistemática e explícita, ou seja, ensinando às crianças a relação entre as letras e os sons.

A idade ideal para aprender a ler varia de criança para criança, dependendo do desenvolvimento cognitivo e das habilidades linguísticas individuais. Portanto, fixar uma idade específica para a alfabetização pode ser prejudicial para muitas crianças, especialmente para aquelas que não tiveram uma exposição adequada à linguagem e à consciência fonológica em casa.

Além disso, o uso excessivo de tecnologias, como smartphones e telas, pode prejudicar o processo de aprendizagem da leitura, pois reduz o tempo de interação social e de exposição a experiências linguísticas ricas. O PENAIC também pode ser prejudicado pela falta de investimento em formação de professores e em materiais didáticos de qualidade, que são fundamentais para garantir uma educação de qualidade para todas as crianças.

Em resumo, a aquisição da leitura é um processo complexo que envolve uma série de habilidades cognitivas e linguísticas. O PENAIC pode ser uma meta importante, mas é necessário que a alfabetização ocorra de forma gradual e progressiva, com atenção especial à consciência fonológica e ao princípio alfabético, além de um investimento em formação de professores e materiais didáticos de qualidade.

Propor essa meta para crianças de famílias de baixo nível socioeconômico que já frequentam escola desde os quatro anos é contraproducente, aumentando o risco de mau desempenho e fracasso escolar.

Pais de classe média ou alta certamente não aceitariam essa meta para seus filhos.

Concluindo, não há uma idade certa para ensinar uma criança a ler. Desde que a criança fale e seu sistema executivo central esteja desenvolvido, ela pode ser alfabetizada, o que pode acontecer aos quatro ou cinco anos, dependendo de outros fatores, como o nível de transparência da relação grafema/fonema na escrita da língua nativa da criança e sua motivação para aprender a ler. 

No entanto, é importante lembrar que a experiência linguística propiciada pelos pais é fundamental para o desenvolvimento da habilidade de prestar atenção consciente aos aspectos fonológicos da fala, o que é central para aprender a ler. Portanto, creches e pré-escolas públicas devem dar atenção especial à experiência linguística de crianças de famílias com baixo nível socioeconômico para criar condições favoráveis ao processo de alfabetização. 

Além disso, é importante que a alfabetização siga procedimentos de ensino suportados pelas melhores evidências científicas disponíveis e que os professores alfabetizadores estejam preparados teórica e didaticamente para ensinar eficazmente. 

Em suma, a antecipação exagerada ou tardia da alfabetização pode aumentar o risco de tropeços na trajetória escolar, e é preciso considerar as condições socioeconômicas das famílias e as melhores práticas de ensino para promover o sucesso escolar das crianças.

Consciência fonológica: desenvolvimento e sua importância para o processo de alfabetização

Consciência fonológica é um conjunto de habilidades que envolvem desde a percepção global do tamanho da palavra e semelhanças fonológicas até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas. Ela faz parte do processamento fonológico, que se refere às operações mentais de processamento de informação baseadas na estrutura fonológica da linguagem oral. O desenvolvimento da consciência fonológica é gradual e ocorre à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis.

Para que a consciência fonêmica se desenvolva, é necessária a introdução formal a um sistema de escrita alfabético, visto que a precedência da consciência suprafonêmica em relação à consciência fonêmica se dá pelo fato de que sílabas isoladas são manifestadas como unidades discretas da fala, enquanto isso não ocorre com os fonemas. Dessa forma, as instruções para o desenvolvimento da habilidade de manipular os sons da fala devem ser realizadas de modo a tornar explícito à criança essas correspondências.

Existem três estratégias básicas para se lidar com a palavra escrita: a logográfica, alfabética e ortográfica. A rota fonológica, que se desenvolve com a estratégia alfabética, é essencial para a leitura e a escrita competentes, pois faz uso de um sistema gerativo que converte a ortografia em fonologia e vice-versa. Isso permite que a criança leia e escreva qualquer palavra nova, apesar de cometer erros em palavras irregulares. A geratividade, característica das ortografias alfabéticas, permite a autoaprendizagem pela criança.

O Relatório Francês “Aprender a Ler” indica que à medida que a criança inicia o processo de aprendizado da leitura por decodificação grafo-fonêmica e passa a encontrar as mesmas palavras escritas, aos poucos vai construindo um léxico mental ortográfico. Desse modo, fica evidente que o desenvolvimento da consciência fonológica é fundamental para o processo de alfabetização e, consequentemente, para o desenvolvimento da habilidade de leitura e escrita.

FAQ – Desenvolvimento da Consciência Fonológica e sua Importância para o Processo de Alfabetização

  1. O que é consciência fonológica? Consciência fonológica é um conjunto de habilidades que envolvem desde a percepção global do tamanho das palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas na linguagem oral.
  2. Qual a importância da consciência fonológica para a alfabetização? A consciência fonológica é um fator determinante para o processo de alfabetização, pois é a partir dela que a criança desenvolve a capacidade de relacionar os sons da fala com as letras escritas e de compreender as regras da ortografia.
  3. Como a consciência fonológica se desenvolve? A consciência fonológica se desenvolve gradualmente à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis. O desenvolvimento da consciência fonêmica necessita da introdução formal a um sistema de escrita alfabético.
  4. Quais são as estratégias básicas para lidar com a palavra escrita? De acordo com Frith (1985), há três estratégias básicas para lidar com a palavra escrita: logográfica, alfabética e ortográfica.
  5. Qual a importância da rota fonológica para a leitura e escrita competentes? A rota fonológica, que se desenvolve com a estratégia alfabética, é essencial para a leitura e a escrita competentes, pois faz uso de um sistema gerativo que converte a ortografia em fonologia e vice-versa, permitindo à criança ler e escrever qualquer palavra nova.
  6. Como a criança pode aprender de forma autônoma a ler e escrever novas palavras? A geratividade, característica das ortografias alfabéticas, permite a autoaprendizagem pela criança, pois ao encontrar um novo item a criança poderá fazer leitura/escrita por (de)codificação fonológica. Esse processo contribuirá para a criação de uma representação ortográfica do item que posteriormente poderá ser lido pela rota lexical.
  7. Quais as implicações da consciência fonológica para a prática educativa? É fundamental que as instruções para o desenvolvimento da habilidade de manipular os sons da fala e de converter esses sons em escrita e vice-versa sejam realizadas de modo a tornar explícito à criança essas correspondências. Além disso, é importante que os professores conheçam e utilizem estratégias pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento da consciência fonológica dos alunos.

 

O Caminho para a Leitura e Escrita de Crianças

Consciência Silábica: O Caminho para a Leitura e Escrita de Crianças

A consciência silábica é uma habilidade importante que as crianças precisam desenvolver para ler e escrever. É a capacidade de reconhecer as partes sonoras das palavras e dividi-las em sílabas. Neste artigo, vamos discutir a importância da consciência silábica e dar exemplos de atividades que podem ajudar as crianças a desenvolver essa habilidade.

Por que a consciência silábica é importante?

A consciência silábica é importante porque ajuda as crianças a identificar as partes sonoras das palavras. Quando as crianças conseguem reconhecer as sílabas nas palavras, elas podem começar a fazer conexões entre as letras e sons. Isso ajuda a desenvolver as habilidades de leitura e escrita.

Por exemplo, se uma criança reconhece que a palavra “gato” é dividida em duas sílabas “ga-to”, ela pode começar a identificar que a letra “g” representa o som “g” e a letra “t” representa o som “t”. Isso ajudará a criança a reconhecer essas letras em outras palavras e, eventualmente, a ler e escrever com mais facilidade.

Atividades para desenvolver a consciência silábica

  1. Contando sílabas: Uma atividade simples para ajudar as crianças a desenvolver sua consciência silábica é contar as sílabas nas palavras. Dê exemplos de palavras de 2 ou 3 sílabas do português, como “gato”, “sapato”, “banana”, “abacaxi”. Peça às crianças que digam quantas sílabas têm cada palavra. Isso ajudará a criança a reconhecer as partes sonoras das palavras.
  2. Jogo de palavras: Crie um jogo em que as crianças precisem encontrar palavras que rimam ou têm o mesmo número de sílabas. Por exemplo, diga uma palavra como “gato” e peça às crianças que encontrem outras palavras que rimem com “gato”, como “rato” ou “ato”. Ou então, diga uma palavra como “banana” e peça às crianças que encontrem outras palavras com o mesmo número de sílabas, como “sapato” ou “maracujá”.
  3. Separação de sílabas: Dê às crianças palavras de duas ou três sílabas e peça que elas as separem em sílabas. Por exemplo, diga a palavra “sapato” e peça às crianças que a separem em “sa-pa-to”. Isso ajudará a criança a reconhecer as partes sonoras das palavras e a relacioná-las às letras.
  4. Jogo de soletração: Peça às crianças que soletram palavras de duas ou três sílabas. Isso ajudará a criança a identificar as letras que representam os sons nas palavras e a fazer conexões entre as letras e os sons.

Conclusão

A consciência silábica é uma habilidade importante que as crianças precisam desenvolver para ler e escrever. É a capacidade de reconhecer as partes sonoras das palavras e dividi-las em sílabas. As atividades apresentadas neste artigo podem ajudar as crianças a desenvolver sua consciência silábica e a fazer conexões entre as letras e os sons. É importante lembrar que a aprendizagem da leitura e escrita é um processo gradual e que cada criança tem seu próprio ritmo. Portanto, é importante ter paciência e oferecer muitas oportunidades para as crianças praticarem suas habilidades de leitura e escrita. Com o tempo e a prática, as crianças vão desenvolver suas habilidades de leitura e escrita e se tornarão leitores e escritores proficientes.

E-book As 7 Etapas Da Leitura Precoce + 7 atividades de Memória Auditiva + Bônus

 

Consciência Silábica: O Caminho para a Leitura

Estas Atividades são complementares ao E-book Leitor Adiantado: 5 Motivos para você ensinar seu Filho a Ler em Casa.

Este arquivo contém 7 Atividades lúdicas para serem aplicadas com crianças da primeira infância.

Bônus:

  • + 5 Atividades De Consciência de Frases e Palavras
  • + 5 Atividades de Rimas
  • + 3 Atividades de Consciência Silábica
  •  + 2 Atividades de Família de Palavras (Fonema Inicial)

A capacidade da criança em ouvir atentamente é fundamental para a aprendizagem do método fônico e para a leitura fluente. Atentar-se aos sons do ambiente e da língua deve-se começar numa idade precoce. O primeiro passo na construção da escuta ativa das crianças é usar jogos e atividades que enfatizam propositadamente a escuta atenta.

IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

Consciência fonológica: Importância no processo de alfabetização

A consciência fonológica é uma habilidade crítica para o desenvolvimento da leitura e escrita. Trata-se da capacidade de identificar e manipular as partes do idioma falado, como palavras, sílabas e sons.

Introdução à Consciência Fonológica

Na introdução à Consciência Fonológica”, é preciso apresenta os diferentes níveis de habilidades necessárias para desenvolver essa consciência. Começando pela percepção das palavras, passando pela consciência de rimas e aliterações, até chegar ao nível mais complexo, a consciência fonêmica.

Na percepção das palavras, a criança aprende a identificar e contar quantas palavras há em uma frase. Depois, começa a perceber que algumas palavras têm rimas, ou seja, sons finais iguais, como “sol” e “papel”. Ainda nesse nível, aprende-se sobre aliteração, que são palavras que começam com o mesmo som, como “bolinha” e “bola”.

Em seguida, a criança começa a identificar as sílabas das palavras, começando pelas palavras compostas, como “perna-longa” e “guarda-chuva”. Depois, aprende-se a separar as sílabas de palavras de duas sílabas que não são compostas, como “pato” e “mola”.

Por fim, chega-se à consciência fonêmica, que é a capacidade de identificar os sons individuais das palavras. Isso envolve a habilidade de separar os sons em uma palavra, como as três letras que formam a palavra “sapo”, ou até mesmo alterar um som dentro de uma palavra para formar uma nova palavra, como trocar o /p/ de “pato” pelo /c/ para formar “cato”.

Desenvolver a consciência fonológica é importante porque ajuda as crianças a entenderem como as palavras são formadas e como os sons individuais contribuem para a compreensão de um texto. Isso é especialmente importante para crianças que estão aprendendo a ler e escrever.

Ao entender como a língua funciona, a criança torna-se capaz de decodificar as palavras e construir frases e textos. Essa habilidade é fundamental para o sucesso acadêmico e para a comunicação em geral.

Por isso, é importante que educadores e pais incentivem o desenvolvimento da consciência fonológica desde cedo, com atividades lúdicas e divertidas que envolvam a percepção de palavras, rimas, aliterações, sílabas e sons. Com prática e estímulo, as crianças podem aprimorar essa habilidade e se tornarem leitores e escritores mais proficientes.

Perguntas frequentes

  • Sobre o que é este artigo?

O  artigo é uma apresentação do conceito de consciência fonológica, que é a habilidade de identificar e manipular partes da linguagem falada. O  artigo descreve os subconjuntos da consciência fonológica, começando com o mais simples e avançando para o mais complexo, que é a consciência fonêmica.

  • O que é consciência fonológica?

Consciência fonológica é um termo geral que inclui a identificação e manipulação de partes da linguagem falada. É a habilidade de reconhecer e usar a estrutura sonora da linguagem, como sílabas, rimas e sons individuais.

  • Quais são os subconjuntos da consciência fonológica?

Os subconjuntos da consciência fonológica são consciência de palavra, consciência de rima, aliteração, consciência de sílaba, consciência de rima de onset (palavras que começam com o mesmo som e consciência fonêmica.

  • O que é consciência fonêmica?

Consciência fonêmica é o subconjunto mais complexo da consciência fonológica e refere-se à habilidade de ouvir e identificar sons individuais, ou fonemas, em palavras. É uma habilidade crítica para o processo de leitura, e inclui segmentar, deletar e substituir fonemas em palavras.

  • Por que a consciência fonêmica é importante?

Consciência fonêmica é importante porque é uma habilidade crítica para o processo de leitura. Crianças que têm dificuldades com a consciência fonêmica podem ter dificuldade em ler, escrever e soletrar.

  • Quais são alguns exemplos de habilidades de consciência fonêmica?

Exemplos de habilidades de consciência fonêmica incluem segmentar palavras em sons individuais, deletar ou substituir sons em palavras e fundir sons individuais para formar palavras.

 

  • Quais são alguns termos de vocabulário importantes usados ao ensinar consciência fonológica?

 

Alguns termos de vocabulário importantes usados ao ensinar consciência fonológica incluem sílaba, onset, rima, fonema, segmentação, deleção e substituição.

No link abaixo você encontrará algumas atividade que compilei para você imprimir e aplicar com suas crianças.👇🏻

https://chk.eduzz.com/46388

 

IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

O que é Consciência Fonológica

A consciência fonológica é uma habilidade importante para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Ela ajuda as crianças a identificar os sons das palavras e a compreender como eles se relacionam com as letras. Esta habilidade é importante para o sucesso escolar, pois ajuda as crianças a aprender a ler e a escrever. Além disso, a consciência fonológica também é importante para aprimorar a habilidade de escuta e compreensão da fala.

Os pais e os professores podem ajudar a desenvolver a consciência fonológica das crianças através de atividades lúdicas e jogos de palavras. Por exemplo, as crianças podem jogar jogos de adivinhação de palavras, brincar de descobrir palavras que começam com a mesma letra ou rima com outras palavras. Além disso, os pais e os professores também podem incentivar as crianças a ler livros e escutar histórias, o que ajudará a aprimorar sua compreensão da fala e a identificação de sons.

A consciência fonológica também pode ser desenvolvida através de exercícios específicos, como a identificação de sílabas, rimas e sons das palavras. Estes exercícios ajudam as crianças a identificar os elementos fonológicos das palavras e a compreender como eles se relacionam com as letras. Além disso, estes exercícios também ajudam as crianças a melhorar sua habilidade de escuta e a compreender a fala.

A consciência fonológica também é importante para ajudar as crianças a desenvolver sua ortografia e a escrever corretamente. Quando as crianças compreendem a relação entre os sons e as letras, elas podem aplicar este conhecimento à sua escrita e escrever corretamente. Além disso, a consciência fonológica também ajuda as crianças a identificar erros ortográficos em sua própria escrita e corrigi-los.

Desenvolvimento da Consciência Fonológica na Infância

A consciência fonológica é uma habilidade importante que desempenha um papel fundamental na aprendizagem da leitura e escrita. É a capacidade de reconhecer e manipular sons em nossa fala e na fala de outros.

A consciência fonológica começa a desenvolver-se desde a primeira infância, mas é ao longo dos anos de pré-escola que ela se torna mais evidente e importante. É nesta fase que as crianças começam a compreender a relação entre letras e sons e a perceber as diferenças entre palavras.

Atividades para o Desenvolvimento da Consciência Fonológica

Existem várias atividades que podem ser realizadas para ajudar a desenvolver a consciência fonológica das crianças. Algumas sugestões incluem:

Jogos de rimas: Jogar jogos de rimas é uma ótima maneira de ajudar as crianças a identificar sons semelhantes e a manipulá-los.

Brincar com a fala: Brincar com a fala é outra maneira de ajudar as crianças a compreender a relação entre letras e sons. Por exemplo, pedir às crianças para identificar as primeiras e últimas sílabas de palavras é uma boa maneira de começar.

Jogos de som: Jogos de som, como encontrar palavras que começam ou terminam com o mesmo som, também são uma ótima maneira de ajudar a desenvolver a consciência fonológica.

Leitura de histórias: A leitura de histórias é outra maneira de ajudar as crianças a desenvolver a consciência fonológica. É importante que as crianças escutem atentamente enquanto a história é contada, prestando atenção aos sons das palavras e às rimas.

Atividades de escrita: Atividades de escrita, como escrever cartas ou histórias, também podem ajudar a desenvolver a consciência fonológica. É importante que as crianças aprendam a escrever letras e palavras corretamente e que prestem atenção ao som das palavras enquanto escrevem.

A consciência fonológica é uma habilidade crucial para o desenvolvimento da leitura, escrita e compreensão da fala. É importante que os pais e os professores incentivem as crianças a desenvolver esta habilidade através de atividades lúdicas.

Perguntas Frequentes
O que é consciência fonológica?
R: A consciência fonológica é a capacidade de reconhecer e manipular as unidades de som que compõem as palavras em uma língua.

Por que a consciência fonológica é importante na educação?
R: A consciência fonológica é importante na educação porque ajuda os alunos a identificar e reconhecer as unidades de som das palavras, o que é fundamental para a compreensão e decodificação do texto.

Como desenvolver a consciência fonológica?
R: Existem diversas atividades e exercícios que podem ajudar a desenvolver a consciência fonológica, tais como jogos de memória auditiva, identificação de rimas, separação de sílabas e identificação de sons iniciais e finais.

metodo-fonico-sera-utilizado-pelo-governo-na-alfabetizacao-contrariando-a-vontade-de-alguns-especialistas-brasileiros

Método fônico será utilizado pelo Governo na ALFABETIZAÇÃO

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) O Método fônico do governo volta ao debate e destaca algumas mudanças no método de alfabetização do Brasil. Num decreto que instituiu nesta quinta-feira, 11/04/2019, com a Política Nacional de Alfabetização que enfatiza o uso da consciência fonêmica como parte do currículo de alfabetização, o texto ainda  volta a incluir a família como um dos “agentes do processo de alfabetização”1.

Embora o termo “método fônico” não apareça, foram retomados pontos da minuta proposta pela equipe de Ricardo Machado Vieira, ex-executivo do MEC, no qual, havia alterado no projeto o termo “método fônico”, atendendo a pesquisa de diversos especialistas.

Método fônico para ensinar a ler e escrever com o uso sistemático da fônica

Nos países mais desenvolvidos do mundo, o método fônico é o mais utilizado para ensinar uma criança a ler e escrever. A versão retificada do projeto prevê o uso do método fônico, mesmo não fazendo menção ao termo, afirmava que o processo de aprendizagem da leitura e escrita se daria nos dois primeiros anos do ensino fundamental – o que é considerado adequado nos países com melhores sistemas educacionais.

Mas no final mantém a recomendação de que o processo de aprendizado da leitura e escrita se dará no primeiro ano do ensino fundamental. “Outra orientação, segundo o jornal, é que crianças de 0 a 5 anos tenham “ensino de habilidades fundamentais para a alfabetização, como consciência fonológica, consciência fonêmicaconhecimento alfabético”, e  para isso precisa que os pais, em casa, estimulem o desenvolvimento da linguagem oral dos filhos.

A versão retificada do decreto desta quinta – 11/04/2019 – volta a apresentar como pilares “consciência fonêmicainstrução fônica sistemática, fluência em leitura oral, vocabulário e compreensão de texto e se inclui a produção escrita.” “

Houve grande disputa de poder no MEC, militares e técnicos se opuseram à proposta defendida pelo secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim – um dos poucos mantidos desde o início da gestão.

O texto ainda deixa claro que os Estados e municípios que aderirem à política receberão “assistência técnica e financeira” da União. Mas não indica de que maneira isso se dará.

O Método não é indicado no texto

Nenhum método específico de alfabetização foi explicitamente priorizado no texto, mas ele indica que algumas teorias devem ganhar espaço dentro das orientações do MEC. Elas estão citadas no texto como ciência cognitiva da leituradefinida como os estudos da aprendizagem e do ensino da leitura e da escrita, com base em evidências das áreas de psicologia, neurociência e linguística cognitiva [2].

Para você conhecer mais alguns dos métodos de alfabetização vou deixar um link no final deste post para você ler.

Além do mais a Constituição Federal impede o MEC de impor um método único de ensino às redes estaduais, municipais e às escolas particulares. Entrar nesse mérito é violar a autonomia constitucional dos estados e municípios. O papel da União é fornecer diretrizes, articular especialistas e apoiar financeiramente os sistemas regionais e locais.

Segundo o professor Renan Sargiani, coordenador-geral de Neurociência Cognitiva e Linguística do MEC, é preciso esclarecer que a instrução fônica é apenas uma etapa do processo de alfabetização. Como uma etapa, ela tem duração, com começo, meio e fim. Podemos dizer então que a fônica não é um método, mas sim um componente de métodos, programas ou abordagens de alfabetização que são eficientes. Todo bom programa de alfabetização inclui diferentes componentes e práticas.[3]

Isso não é algo novo inventado pelo MEC e que a aplicação da fônica não seja apenas uma ideia do professor Carlos Nadalim. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já prevê o ensino da consciência fonológica, das letras e das relações entre fonemas e grafemas, com o objetivo de decodificá-los, nos primeiros anos do ensino fundamental, que é exatamente o que se recomenda na abordagem fônica.

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o Programa Mais Alfabetização também já contêm esse tipo de perspectiva embutida de certo modo, principalmente com os jogos de consciência fonológica.

Documentos, como a BNCC, precisam somente ser esclarecidos para que possamos ter objetivos educacionais mais claros e estratégias de ensino apropriadas.[3]

Talvez toda essa polêmica ocorra porque algumas pessoas acreditam que os métodos fônicos atuais se restrinjam apenas às instruções fônicas, mas na verdade, esse método é baseado em evidências científicas e uma vasta bibliografia internacional, e vai muito além disso.

Leia este artigo que escrevi: “A chave para ensinar seu filho a ler” , e descubra que um método fônico eficaz vai muito além das instruções fônicas.

metodo fonico

Métodos de Alfabetização – Método Global x Método Fônico

1“Decreto do governo federal sobre alfabetização destaca método ….” 12 abr. 2019, https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,decreto-do-governo-federal-sobre-alfabetizacao-destaca-metodo-fonico-e-familia,70002788604. Acessado em 13 abr. 2019.

2“MEC estuda priorizar a alfabetização no 1º, e não mais até o 2º ano ….” 4 abr. 2019, https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/04/04/mec-estuda-priorizar-a-alfabetizacao-no-1o-e-nao-mais-no-2o-ano-do-ensino-fundamental.ghtml. Acessado em 13 abr. 2019.

3“O professor Renan Sargiani, coordenador-geral de Neurociência Cognitiva e Linguística do MEC, fala sobre as diversas metodologias de alfabetização. Ministério da Educação – Ministério da Educação – Portal do MEC.” http://portal.mec.gov.br/politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva?ifets=. Acessado em 13 abr. 2019.

O que tem a ver ensinar meu filho a ler e uma Geladeira?

O que tem a ver ensinar meu filho a ler e uma Geladeira?

Esses dias passeando pela cidade com meus filhos, Miguel e  Rafael. 

 

(Para te falar a verdade eu estava tentando distrair meus filhos enquanto minha querida esposa escolhia alguns produtos em uma loja de produtos de beleza – ela precisa se produzir para o maridão aqui 🙂 – e principalmente para as crianças não ficarem mexendo em tudo e derrubar mais um pote de shampoo como havia acontecido na última visita que fizemos à loja.

Não sei como são suas crianças, mas as nossas querem mexer em tudo, afinal elas estão descobrindo o mundo.

Para nós é muito fácil dizer – não mexa nisso menino!

Não mexa naquilo filho! 

Tire sua mão daí abençoado!

Mas, para a criança é muito complicado ver os adultos (mexendo em tudo) pegando os produtos e objetos nas gôndolas de lojas e supermercados e elas ouvirem: tire as mãos disso ou tire as mãos daquilo.

Convenhamos, toda criança é um explorador nato, um pequeno cientista que está descobrindo o mundo.

Não é nada bom para o desenvolvimento da criança ficar dizendo não para tudo, você concorda comigo?

Caso não esteja pondo a vida de ninguém em risco e o prejuízo que poderia causar não passar de alguns reais, assuma os riscos, deixe seu pequeno cientista explorar o mundo.

Bem, eu não estava muito a fim de ver mais um vidro de shampoo no chão, como na última visita à loja, então sai com meus filhos para dar uma volta pelo quarteirão.

De repente me deparei com uma geladeira em um ponto de ônibus!

Perguntei-me, o que uma geladeira estaria fazendo ali?

Neste vídeo é possível ver o que descobrimos e o que aconteceu depois quando a minha esposa me surpreendeu com esta gravação via whatsapp, o vídeo demonstra 2 momentos:

1- Quando descobrimos a geladeira no ponto de ônibus e

2- Quando fui surpreendido com este outro vídeo…

 

YouTube video

O que é a geladoteca?

Eu não sei bem onde começou esta ideia de usar uma velha geladeira para compartilhar livros, o importante é que livros são compartilhados e menos geladeiras estão indo parar no lixo.

Aqui em nossa cidade o projeto foi implantado pelo SESC, este foi nosso primeiro contato com esta ideia, as crianças amaram.

E eu não precisei ver mais um vidro de shampoo no chão!

As “geladotecas” se popularizam pelo Brasil com o principal objetivo de estimular o hábito da leitura. Talvez como uma das alternativas para reverter o quadro que quero discutir a seguir.

Por que 44% dos brasileiros não gostam de ler ou são considerados não leitores?

Leitor é aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses.

Não leitor é aquele que declarou não ter lido nenhum livro nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses.

O que quero dizer com isso?

Talvez muitas crianças e adultos não gostem de ler pelo simples motivo de ninguém nunca ter lido para elas, ou talvez, leram muito pouco em sua infância.

Mas, hoje com a popularização dos livros e dos meios de comunicação isso já não é mais problema. Podemos buscar livros em bibliotecas publicas, em “geladeiras” ou até receber os livros em casa por um baixo custo em clubes de livros.

Se o povo brasileiro não gosta de ler já está mais do que na hora de começar a mudar isso e esta mudança começa em casa.

Se o jovem brasileiro não gosta de ler, será que isso é um problema educacional ou cultural?

O que posso te responder é que a estimulação das crianças a desenvolver o fascínio pelo universo das letras precisa começar ainda muito cedo: o quanto antes possível, melhor.

 

E se não gostam de ler a culpa não é deles, talvez um dos principais motivos seja porque ninguém leu para elas ou talvez não aprenderam a ler direito.

Pensando neste grande problema eu separei 7 Dicas de leitura partilhada para te ajudar nisso e começar a mudar esta triste realidade ainda hoje, prevenindo que seu filho engrosse as estatísticas de que: brasileiro não gosta de ler.

O que é Leitura Partilhada?

Leitura Partilhada é a partilha do livro no qual o adulto lê e a criança acompanha a leitura de maneira atenta e envolvente. Esta é uma técnica de leitura interativa, a criança observa o que o adulto lê e relaciona a oralidade com os objetos e as palavras escrita que as representam.

No modelo de leitura partilhada geralmente usa-se livros de grandes dimensões (referidos como livro gigante) com impressões e ilustrações ampliadas. Isso não te impede de usar livros de outros tamanhos.

Eu particularmente prefiro usar livros de dimensões variadas, devido ao alto custo e a escassez de livros gigantes em português brasileiro.

Os primeiros anos são cruciais para a criança desenvolver o amor pela leitura ao longo da vida. Os pais são os principais agentes neste processo.

7 Dicas para Aumentar o Vocabulário de Seu Filho e que usei para ensinar meu filho a ler

Nunca é cedo demais para começar a ler para o seu filho!

As dicas a seguir oferecem algumas maneiras divertidas em que você poderá ajudar seu filho a se tornar um leitor feliz e confiante.

Experimente uma nova dica a cada semana.

Dê o seu melhor!

1 – Leia desde cedo e leia muitas vezes.

Leia para seu filho todos os dias. Faça isto abraçando seu filho de maneira amorosa para que ele sinta seu calor, traga ele para bem perto de você.

2 – Nomeie tudo

Construa o vocabulário do seu filho falando sobre objetos e palavras interessantes.

Por exemplo: “Olhe para aquele avião!

Essas são as asas do avião.

Por que você acha que eles são chamados de asas?”

São Chamadas de asas porque se parecem com as asas dos pássaros. (Use sua criatividade)

Peça à criança para apontar o objeto que você está nomeando, procure dar pistas para ela, a informação deve ser dada de maneira sistemática. Até que chegue o dia em que a criança aprenderá a ouvir a sua leitura sem tomar o livro de suas mãos.

3 – Diga o quanto você gosta de ler

Diga ao seu filho o quanto você gosta de ler. Fale sobre “o tempo da história”, começo meio e fim.

Deixe que seu filho te pegue lendo.

Coloque entonação e emoção em sua voz;

Leia para seu filho com humor e expressão. Use vozes diferentes. Entendeu?

4 – Saiba quando parar

No começo pode parecer um pouco difícil conseguir ler um livro com seus filhos, talvez eles tomem o livro de suas mãos para folhear ou fazer de conta que estão lendo.

Neste caso troque ou deixe o livro de lado por algum tempo se a criança perder o interesse ou está tendo problemas para prestar atenção. Se ela não está prestando atenção, mas, continuar próximo a você, continue a leitura.

Para manter a atenção da criança em vez de ler, você poderá apontar as figuras do livro e criar a sua própria leitura sem tomar o livro de suas mãos.

Até a criança adquirir o hábito de apenas ouvir a história, com certeza tomará o livro da suas mãos para manusear e fazer de conta que está lendo, imitando você.

Não se preocupe pegue outro livro para ler.

Mesmo que a criança não esteja prestando atenção na leitura, mas permanecendo a sua volta, seu cérebro estará absorvendo inconscientemente o que está sendo lido.

Lembre-se, o cérebro de uma criança é como uma esponja.

A criança vai querer folhear o livro, ou até fechar, tomá-lo de suas mãos, isto é perfeitamente normal, a criança estará começando a se relacionar com o livro.

5 – Seja interativo

Discutir o que está acontecendo no livro, apontar as coisas na página, e fazer perguntas.
Nesta etapa procure, sempre que possível, exigir respostas com sentenças completas, responda você mesmo até a criança aprender a responder corretamente.

A criança deve aprender a responder com uma sentença completa.

Ex: Quem comeu o porquinho?

Quem comeu o porquinho foi o lobo mau.

Você pode ler o livro e formular perguntas e a criança apontar.

Exemplo:

Qual é o leão?

E aguardar que a criança aponte a figura, caso ela encontre dificuldade aponte você mesmo: este é o leão.

6 – Conte outra vez

Vá em frente leia e releia o livro ou conto favorito de seu filho, se preciso leia 100 vezes o mesmo livro!

Esta é uma maneira simples de ajudar seu filho a memorizar poesias, por conta da previsibilidade ele poderá memorizar várias frases e refrões em rimas e parlendas.

7 – Ressalte a impressão do código alfabético em todos os lugares

Fale sobre a escrita também. Fale sobre as palavras escritas que você vê no mundo ao seu redor.

Mencione ao seu filho como lemos da esquerda para a direita e como as palavras são separadas por espaços.

A Leitura partilhada irá contribuir para que a criança adquira conhecimentos importantes na aprendizagem da leitura, a criança já saberá que na nossa cultura se lê da esquerda para a direita e que as palavras são formadas por sequências de letras e separadas por espaços vazios.

Procure sempre que possível correr o dedo sob o texto no sentido da escrita.

Vantagens da Leitura Partilhada

São várias as vantagens da leitura partilhada, mas a principal delas é a aquisição de vocabulário, a exposição aos livros contendo imagens, frases e palavras aumentam a exposição ao vocabulário e conceitos que raramente são usados em conversas do nosso dia a dia.

O PRINCIPAL AGENTE NESSE PROCESSO é a mãe e/ou o pai.

Não se esqueça de ter um tempo de leitura só para você.

As crianças tendem a imitar seus pais, por isso sempre é bom a criança flagrar você lendo, resista à tentação de ligar a televisão ou smartfone e leia um bom livro, quando possível, esta leitura é para você, leia seus livros técnicos, romances etc.

Se a criança não aprender a gostar de livros você já sabe de quem é a culpa.

E-book: As 7 Etapas da Leitura Precoce

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As 7 Etapas da Leitura Precoce