07/07/2017
Quantas vezes você já deve ter ouvido falar sobre fonemas, consciência fonológica, consciência fonêmica ou fonética? Isso nos causa uma confusão tremenda, não é verdade?
É vital que você saiba e entenda que a consciência fonológica e a consciência fonêmica são os pilares para o sucesso da leitura.
O termo Consciência fonológica abrange todos os tipos de consciência dos sons que compõem o sistema de certa língua, é composta por diferentes níveis: a consciência fonêmica, a consciência silábica, e a consciência intrassilábica.
O termo consciência fonêmica costuma ser usado quando se refere ao nível do fonema, e consciência fonológica é usado quando se trata de um nível mais abrangente.
Antes de ler este artigo vale ressaltar mais uma distinção, desta vez entre fonema e fone.
Um fonema em uma língua é uma abstração, faz parte do sistema fonológico que está na mente dos falantes. Nunca se realiza porque não é pronunciado. A produção dos falantes são os fones da língua, o fone é algo concreto realizado em um momento real por um falante. Sempre que for tratar da pronúncia de som usa-se o termo fone, porém, para facilitar o entendimento e não confundir as crianças usa-se som.
O que é Consciência fonológica?
Em resumo, Consciência Fonológica é a capacidade de ouvir e manipular estruturas sonoras dentro de palavras.
Então, aqui estão algumas definições e diferenças entre estes termos:
A consciência fonológica refere-se ao desenvolvimento de diferentes componentes fonológicos da língua falada (Lane & Pullen, 2004, p.6)[1]. Os alunos que têm um alto nível de consciência fonológica reconhecem facilmente palavras que rimam, reconhecem as barreiras silábicas em padrões de palavras. As habilidades de consciência fonológica estão diretamente relacionadas ao sucesso (fluência) na leitura. Não é de se surpreender que leitores pobres em consciência fonológica concluam a alfabetização sem saberem ler, ou se o fazem, esta é fraca e sofrida.
As habilidades de consciência fonológica incluem:
Consciência fonêmica é uma parte da consciência fonológica. Consciência fonêmica lida com o fonema. Consciência fonêmica é a capacidade de ouvir e manipular sons foneticamente.
Consciência fonêmica refere-se ao conhecimento sobre um fonema e capacidade de o indivíduo para identificar (atividades de análise), juntar (atividades de síntese), e manipular sons individuais em palavras.
Sabemos que um fonema é apenas uma abstração na nossa mente, é apenas um som, um padrão articulatório.
Existem 31 fonemas no português que usamos para combinarmos em sílabas e formar palavras quando falamos.
Enquanto o fonema é apenas um som e é o menor nível de produção da fala, na leitura ele é o mais alto nível de habilidades fonológicas. A criança o desenvolve depois de aprender a manipular palavras e sílabas.
Crianças com baixo nível de consciência fonêmica terão problemas para aprender fonética e decodificação (leitura), especialmente quando for preciso soar e misturar letras para formas novas palavras.
As habilidades de consciência fonêmica incluem:
É o ramo da linguística que estuda a natureza física da produção e percepção dos sons da fala humana, na sua realização concreta (articulação, características físicas e percepção), refere-se à associação da relação letra-som e os padrões de letras para soletrar palavras (Snow, Burns e Griffin, 1998 p.51)[5] .
Refere-se ao uso do código (relações de som-símbolo para reconhecer palavras).
Assume-se que o aluno já adquiriu consciência fonêmica e que já conhece o princípio alfabético, que já entende que há uma relação consistente entre símbolos de letras e sons de letras.
O método fônico é o método de ensino da leitura que tem como base a relação entre letra e som. Não se pode aprender a ler de forma eficaz sem uma compreensão da relação entre as letras e os sons das letras e, como eles se conectam para formar as palavras que vemos no texto impresso.
Esta é uma das principais razões pelas quais os programas desprovidos de instruções fonológicos (métodos globais) produzem resultados de leitura ruins, eis por que qualquer programa de leitura bom deve incluir fonética como um componente chave da aprendizagem.
O conhecimento do som das letras e das relações entre o som é essencial para dominar a mecânica da leitura.
Todas essas habilidades são construídas sobre uma base sólida da linguagem oral. Métodos fônicos não devem se referir apenas à fonética, a relação letra/som. É preciso trabalhar gradualmente todas as habilidades de consciência fonológica e fonêmica.
Fazendo uso de atividades de consciência fonológica, tira-se a fônica do campo do treinamento puramente mecânico, tornando o aprendizado mais simples e interessante para as crianças.
O que tento levar para você aqui no blog é me dedicar ao uso do método fônico e como se aprende a ler, e à medida que você navega nos artigos do site espero que possamos aprender juntos que o uso da fonética é o principal meio para se aprender a ler.
E se você chegou até aqui é bom que esteja convencido de seus méritos, que você também consegue alfabetizar crianças por meio do método fônico com o uso da fonética e das habilidades de consciência fonológica.
Compartilho com você a ideia de que o método fônico é o meio mais efetivo de ensinar qualquer um a ler – com base em experiências, pesquisas e evidências científicas.
Muito antes de a criança ter qualquer tipo de compreensão do princípio alfabético, as crianças devem entender que aqueles sons associados às letras são precisamente os mesmos sons da fala. [6]
Segundo Calfee, Lindamood & Lindamood, 1973: A capacidade da criança para entender e manipular fonemas está fortemente correlacionada com o seu sucesso de leitura no final de sua escolaridade.
Habilidades de consciência fonológica é a base para a leitura. Sem essas habilidades importantes uma potencial dificuldade de leitura pode surgir nos primeiros anos de escolaridade.
“O nível de consciência fonêmica que as crianças possuem no início das primeiras instruções de leitura e seu reconhecimento das letras são os dois melhores preditores de quão bem elas aprenderão a ler durante os dois primeiros anos de ensino formal da leitura.” (Adams, Foorman, Lundberg, & Beeler: 1998).
Está é uma avaliação externa que objetiva aferir os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas.
A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) categoriza os estudantes em quatro níveis de alfabetização, sendo apenas o nível 1 considerado inadequado pelo MEC. Alguns especialistas julgam que o nível 2 também não deveria ser considerado suficiente para declarar uma criança alfabetizada. [7]
Inês Kisil Miskalo, gerente executiva de gestão de políticas de aprendizagem do Instituto Ayrton Senna, é ainda mais enfática, afirmando que somente o nível 4 deveria ser considerado como adequado em tudo, para ela estas crianças estão indo paro o 4º ano sem estarem plenamente alfabetizadas.
Na avaliação de 2014, o desempenho em leitura da maioria dos alunos (56%) ficou nos dois piores níveis, dentre quatro, significando que eles não conseguem localizar informação explícita em textos de maior extensão e identificar a quem se refere um pronome pessoal[8].
Os dados acima mostram que ao fim do 3º ano do Fundamental, 22% dos alunos se encontram no nível 1; 34% no 2; 33% no 3 e apenas 11% no nível mais avançado. Portanto, os resultados ainda estão distantes da meta de alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o 3º ano.
Podemos observar que 22,21% das crianças, no final do ciclo de alfabetização só desenvolveram a capacidade de ler palavras isoladas.
Em escrita, 26,67% desses alunos não tinham aprendizagem considerada adequada. De acordo com o Relatório de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação (PNE)[9], mais da metade dos alunos do 3º ano do Fundamental estão nos dois níveis mais baixos de alfabetização.
Podemos considerar que apenas 9,88% possuem uma escrita adequada.
O mais dramático é que você encontra neste universo crianças com 9 ou 10 anos que ainda não sabem ler.
E esta realidade é confirmada nos e-mails que recebo semanalmente de pais e professores, o que reafirma que esta não é uma realidade abstrata, apenas representada pelos gráficos acima, meus leitores sentem isso nas salas de aula e em casa.
Com base nestes resultados de pesquisas semelhantes, é vital que pais e educadores entendam que, tanto as habilidades de consciência fonológica quanto fonêmica, sejam desenvolvidas na primeira infância. É necessário que essas habilidades sejam explicitamente avaliadas no final da pré-escola, no primeiro ano de escolaridade formal e novamente no segundo ano.
Além disso, os professores precisam entender como integrar os currículos de consciência fonológica e fonêmica para seus leitores das classes sociais menos favorecidas.
Mais importante ainda é que os professores tenham acesso a estes recursos para complementarem seus conhecimentos. Essas habilidades precisam ser trabalhadas tanto no final da pré-escola quanto no primeiro ano, pois, é a base para a leitura. Crianças que apresentam dificuldades de leitura, podem se beneficiar de reavaliações e intervenções.
As crianças ao concluir a pré-escola já poderiam ler palavras regulares e pequenos textos se estas habilidades de consciência fonológica e fonêmica forem trabalhadas desde cedo.
Então, se você é um professor, mãe ou pai e está guiando crianças no caminho da leitura, faça-se uma pergunta simples:
Você está trabalhando em seus alunos habilidades de linguagem oral para que toda a sua consciência fonológica, consciência de fonemas e habilidades fonéticas tenham raízes sólidas e possam crescer no desenvolvimento da leitura?
[1] “Lane, H. B., & Pullen, P. C. (2004). A Sound Beginning: Phonological Awareness Assessment and Instruction. USA: Pearson Education, Inc.
[2] “Nascimento, L. C., & Knobel, K. A. (2009). Habilidades Auditivas e Consciência Fonológica: da teoria à prática. São Paulo: Pró-Fono.
[3] “Schuele, C. M., & Boudreau, D. (Janeiro de 2008). Phonological Awareness Intervention: Beyond the basics. Language, Speech and Hearing Services in Schools, pp. 3-20.
[4] fonética in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-06-16 18:58:05]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/fonética.
[5] “Reading Assessment and Instruction for All Learners.” Snow, C.E., Burns, M.S., & Griffin, P. (1998). Preventing reading difficulties in young children. Washington, D.C.: National Academy Press.
[6] “Adams, M., Foorman, B., Lundberg, I., & Beeler, T. (1998). Phonemic awareness in young children: A classroom curriculum. Baltimore, MD: Brookes.
[7] “Especialistas divergem sobre nível adequado da ANA para a ….” 28 set. 2015, http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/35336/especialistas-divergem-sobre-nivel-adequado-da-ana-para-a-alfabetizacao/. Acessado em 16 jun. 2017.
[8] “Inep divulga resultados preliminares da avaliação de alfabetização ….” 22 mai. 2017, http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-05/inep-divulga-resultados-preliminares-da-avaliacao-de-alfabetizacao-para. Acessado em 16 jun. 2017.
[9] “Como anda o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação.” 10 nov. 2016, https://novaescola.org.br/conteudo/3369/relatorio-monitoramento-metas-do-plano-nacional-de-educacao-pne. Acessado em 27 jun. 2017.
[10] “INEP, Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Avaliação Nacional da Alfabetização. ” 20 out. 2015, http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=21091-apresentacao-ana-15-pdf&category_slug=setembro-2015-pdf&Itemid=30192. Acessado em 27 jun. 2017.
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Odair Machado
Oi, tudo bem? Sou Odair Machado, fundador do blog Método Fônico e um pai preocupado com a educação dos meus filhos.
Não acredita nas metodologia adotadas na escolas brasileiras para a alfabetização de crianças;
Se você acredita que pode fazer a diferença na vida do teu filho ou aluno;
E se você acredita que a criança pode ser melhor alfabetizada com o uso do Método Fônico
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